Harmonia

Ouço o vento lá fora, a folhagem ciciante, os grilos que cantam. A lua desponta no céu, branca e luminosa. À sua voltam bailam as estrelas, pontos de luz cintilante. Creio que a noite chega para acalmar as almas em desassossego. O escuro envolve os pensamentos num manto de seda e adoça-os. O silêncio polvilha o espaço, abraça-o num terno encontro. Sei que a solidão pode ser uma doce amiga. Uma amiga que se deita ao nosso lado e nos embala para lá do visível. Percebe-se o desejo no ar. Sente-se a suavidade da pele e o aroma inebriante que se desprende do corpo quente. É no agora que me foco, nas sensações que me consomem, no amar, no querer, no sentir tudo o que posso. A noite vem e respira ao meu lado, atenta aos meus movimentos. Ela, tal como a solidão, sabem o que de mais profundo guardo. Sabem todos os segredos e todas as vontades. Sabem o que existe para lá do meu sorriso e por detrás do meu olhar. Soam latidos. Que a natureza é feita de vida. Atento no mundo que me rodeia. Uma pequena gaiola onde voam livremente pássaros de todas as espécies. Onde me visto de flores e me permito sonhar e dançar ao ritmo da música que só eu consigo ouvir. É tão simples e intenso o que sinto.

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